Garatujas. Parte 5.


Se você quer fazer algo sem ter talento para tal, você pode até tentar, mas não te garanto sucesso, talento é fundamental para tudo na vida, para tudo mesmo!
 Acredito piamente que Deus deu um dom pra cada um, tem coisas que eu faço melhor do que muita gente, e tem muita gente que faz coisas que eu sequer consigo começar a fazer, e isso se chama talento, cada um tem o seu, com a sua forma peculiar ou não. Certamente você que me lê agora faz algo melhor do que a maioria das pessoas ao seu redor, e esse é o seu talento, apegue-se a ele, transforme-o, edifique-o, e não fique aí achando que não presta pra porcaria nenhuma, pois desde o serviço mais simples ao mais complexo, é preciso talento, e cada um tem o seu, acredite nisso.
Você pode ter dinheiro pra dar sete voltas ao mundo, pode ter a faculdade mais sinistra do mundo, mas se não tiver talento todos saberão. 
O mais triste disso tudo é saber que o meu país desperdiça os seus talentos todos os dias, em cada esquina, em cada rua, em cada sonho perdido. Vejo muito potencial na molecadinha da favela, no menor que tem uma lábia ferrada pra arrumar um trocado na rua, imagina esse moleque gerente de vendas, ou como administrador de uma empresa grande; certamente iria dar baile em formando de Harvard, mas cadê o incentivo? Pois é, não tem.
Também vejo muito potencial na dona Maria que faz mágica pra sustentar uma família maior do que a seleção brasileira, e faz isso sozinha, ela entra em campo com suor e coragem e faz o que tem que fazer pra manter a sua honra e a dos seus entes; vai me dizer que isso não é um talento? Brasileiro é um artista por natureza, quanto menos ele tem mais ele cria. Brasileiro faz malabarismo todo dia, ta na corda bamba direto, mas ta aí, sobrevivendo, rindo sem saber o porquê; e o meu país não vê isso, não valoriza essa gente.
Eu penso nesse lance de talento todos os dias, em cada pessoa que vejo na rua, em cada face triste, amargurada e sem esperança. Se um dia o Brasil resolver investir e valorizar essa gente de verdade, todos os gringos terão de sair da frente, pois ninguém vai segurar essa nação. Mas até lá, seguimos na mesma, julgando, apontando, criminalizando e matando os nossos talentos.


Sem mais.

Bruno Rico.



Rosa do concreto.


És refúgio dos
refugiados da esperança.

És a rocha
que o mar racista
esqueceu-se de quebrar.

És a flor
que o jardim  do descaso
também se esqueceu de regar.

Mas mesmo assim você germinou.
Ninguém imaginou que
em uma terra improdutiva
fosse nascer a rosa mais resistente.

Quem lhe olha de lá, diz:
complexada, mal-amada,
menina complicada,
racista degenerada!

Quem lhe olha de cá, diz:
heroína, guerreira,
valentia de bom capoeira,
mulher nó na madeira,
como cantava o saudoso João Nogueira.

Assim é você,
assim queremos
que você sempre seja!

Por isso nunca abaixe a cabeça,
pois quem está do lado de cá
não quer que nada lhe esmoreça.


Bruno Rico.


Neste 13 de Maio venho homenagear todo o povo negro com esta poesia feita em homenagem à Stephanie Ribeiro. Sua luta deixa evidente que ainda existem muitas correntes a serem quebradas. Estamos juntos, guerreira!

O alvo.



Balas nunca são perdidas
quando acham quem quer viver.
Quem atira, às vezes possui
aval social e legal,
para a bala se perder.
Mas quem a acha,
tem a vida ceifada,
e a família nunca vai esquecer.

Balas não se perdem.
Balas não foram criadas
para se perder.
Balas foram criadas
para ter um alvo.
Por isso tome cuidado!
Pois este alvo
pode ser você.

Bruno Rico.

Poeminha criado para a minha cidade, lugar onde a bala nunca tem dono, só destino.