Príncipes anfíbios.


É, o cavalo branco pode estar empoeirado
De tanto aparecer e não ser visto,
E o cinza do cansaço pode afugentar
As donzelas que acham que tudo deve ser perfeito.

Já o cavaleiro, segue cavalgando solitário,
Em um mundo de magia e utopia
Rumo a um caminho sinuoso,
Que esbarra nas exigências descabidas
De moçoilas enfraquecidas pelo próprio desejo,
Que parece incansável e intragável.

Tudo funciona em forma de cobrança,
Mas quase ninguém cobra a si próprio.
Haja lamentos:
O meu príncipe não veio!
Ele não existe!
Vou viver sozinha!
Ninguém presta!
Oh vida, oh céus!

E onde ficam as perguntas?
Do tipo:
Por que eu não me preparo adequadamente para ele?
Por que quando ele aparece sorrateiro,
Com uma forma meio distorcida da que sonhei,
Eu o ignoro feito um menino de rua?
Por que eu não sonho com coisas possíveis?
Por que eu não sonho com o que realmente mereço?
Aliás, será que eu mereço isso tudo mesmo que estou querendo?

A verdade mesmo, é que os corcéis brancos
Viraram pangarés cinzas,
Daqueles sem brilho algum.
E os escassos príncipes voltaram a ser sapos,
Talvez por fadiga.
Mas ainda existem anfíbios que são capazes
De transformar um simples brejo
Em um esplêndido palácio de portas abertas para o amor.  

Mas as moçoilas deverão correr,
Pois até mesmo meros sapos criativos e
Sedentos de afeto, podem se enfurecer
Com tanta indiferença.
Daí, a vaca vai pro brejo!

Bruno Rico.