Auto depreciação poética.


Sou sujo, Ímpio.
Homem de alma podre.
Sujeito vadio,
Torto e acanalhado.

Falso até na frente do espelho.
Egocêntrico e vil.
Desprezível perante os demais.

Fingidor, poeta falido.
Carrego comigo um sorriso abatido,
Desprovido de real emoção,
Encantamento e fervor.

Petulante, arrogante.
Metido a gênio,
Metido a gente.
Um ator que atrás da cortina é um,
E no palco é totalmente incoerente.

Pseudo-romântico,
Destruidor de sentimentos alheios.
Construtor de desejos profanos
E sonhos insanos.

Foi preciso fazer uma auto depreciação
Para perceber que realmente não sou nada!
A não ser um excremento no meio da multidão.

BrunoricO.

Aconselho a auto depreciação poética a todos, principalmente para aqueles que se acham realmente alguma coisa, pois em algum momento na vida você vai perceber que não vale nada, e quando eu digo nada é nada mesmo!

A mutação da matéria.

O abismo que surge na alma
Funde um novo ser sem matéria.
Esse ser navega pelo mar incolor
Que deságua nas águas
De um desgosto colorido.

Eis que uma onda
Inimaginável invade
Sua alma e afoga
Os últimos vestígios de esperança.

É nesse momento que o ser,
Antes sem matéria,
Personifica-se em uma nova criatura,
Agora sem sonhos,
Sem expectativas,
E sem desejos de algo melhor.

Agora ele vive por viver,
Falar por falar,
E age por agir.
Deixou de ser humano,
Virou um peso a mais na terra,
Daqueles que só servem
Para roubar um pouco de ar
Daqueles que ainda
Insistem em viver.

Hoje quem o vê,
Não vê nada.
Sua alma é translúcida,
Sua mente já não é mais lúcida,
E em seu peito ele carrega uma insondável ferida.

A antimatéria finalmente ganhou carne
E é sustentada por ossos.
E como o ser sem alma já não possui
Mais forças para nada,
O osso dói mais do que a carne.
Pois pilar nenhum suporta uma estrutura
Que não quer ficar de pé.

BrunoricO.

Onde aprisionaremos os inocentes?


Dominados pelos instintos coletivos
De seus adestradores,
As feras se rebelam
E se aglutinam atrás das grades da exclusão.

Eles estampam o reflexo do lixo humano,
Suas sombras estão mais condenadas
Do que seus corpos.
Suas almas escondem
A verdadeira chave da libertação,
Mas a maioria está totalmente sem direção;
E com isso o objetivo se resume a apenas um: a domesticação.

Mas eles não aceitam coleiras,
Não são tão dóceis assim.
Eles possuem raiva escorrendo pela boca,
Possuem bombas pulsantes dentro de seus peitos.
Suas ogivas internas escondem o material
Mais destrutivo do mundo: o ódio.

Ódio regado que nem flor.
E o jardim funesto dos excluídos está abarrotado de corpos.
Corpos estes que ainda possuem vida,
Mesmo que não digna.
Os corpos de que falo, antes carregavam sonhos,
Hoje apenas carregam o fardo
De ter que atrás das grades ainda viver.

Culpados? Sim!
Mas nem todos que estão do lado
De fora são inocentes.

BrunoricO.