Palavras vazias.


Na candura das palavras
A vida aparenta emoção.
Na ausência das mesmas,
Surge então uma interna comoção.
É a ebulição da solidão,
Os neurônios fervem,
O coração congela,
A alma esvazia
E o corpo adoece.

Instintos incontroláveis
Afloram arquitetando idéias,
Antes impensáveis.

É o sofrer sem perceber,
É a dor de falar,
Sem nada ouvir dizer.

BrunoricO.

Cartilha de perdedor.


Disseram-me pra vencer,
Pra viver em prol
Da busca de um eterno poder.

Mas e eu?
Quem se preocupa
Com o que realmente
Quero ser ou ter?
Quem me dará colo
Se por ventura,
Nessa vida eu não vencer?

Já nasci numa competição,
Não me importo com pódio,
Se peguei a primeira
Ou a última colocação,
Quero apenas alegria no rosto
E amor no coração.

Não quero ser o vencedor
Que o mundo me vende,
Me satisfaço em ser apenas
Um mero escritor que nunca se rende.

Querem que eu siga a cartilha
Do sucesso, mas o meu sucesso
Não consiste em crescer em regresso,
Não pisarei em cabeças humanas
Em nome de um possível progresso.

Não quero juntar dinheiro e perder saúde.
Não quero viver pra no futuro adoecer
E ter que pagar
Pra que alguém me ajude.

Quero fortunas de amigos,
Quero colecionar
Sinceros e belos sorrisos,
Quero mansões,
Mas que nelas,
Vivam farrapos e mendigos.

Não quero a cartilha de sucesso
Que tentam me vender a todo instante
A um preço exorbitante;
Quero sim, ser um poeta atroador
Que vive na busca da poesia mais
Radiante e vibrante
E aceita com louvor
A cartilha de perdedor.

BrunoricO.

Vadio andarilho.


Parece não haver
Mais nada
Por onde ando.
Por onde ando
Não desejo
Mais andar.

Eis me aqui como um
Vadio andarilho,
Seguindo meu suposto caminho
Como se fosse
Um trem sem trilho.

Cambaleio no percurso
Que me fora entregue
Sem eu nada pedir.

Sigo em frente
Num rumo incerto
Que perdura no intuito
De nada atingir.


BrunoricO.

Vidas orquestradas.


Não Julgue por rótulos,
Não julgue por roupas,
Não julgue por nada!
Quem é você pra julgar alguém?

Não queira quem não o quer,
Não queira querer o que não precisa,
Não queira nada que não precise de fato!
Quem é você pra querer alguma coisa?

Não vote em esquerdistas liberais,
Não vote em pseudo-intelectuais,
Não vote se for preciso!
Quem é você pra eleger alguém?

Não queira para o outro
O mal que não desejas passar.
Não viaje sem de fato se ausentar,
Transporte a alma,
E deixe a matéria em seu devido lugar.

Não queira decifrado,
Você pode, e deve aprender a decifrar.

Não queira uma vida que não é a sua.
Queira a sua!
Para isso basta transformar
A vida que tens em um pássaro;
Daquele aguerrido, que voa sem medo,
Transforma um tenebroso obstáculo
Em um lindo arvoredo,
E adeja sempre traçando o próprio enredo.

E o principal:
Não espere pelo destino, faça-o!
E faça-o com maestria.
Pois você é o maestro
Da sua própria orquestra
Incessante que brada inquietante
Clamando por novos sons e tons.

BrunoricO.