Pequeno impoluto.


O bailado das palavras vazias
Forma em mim
O egocentrismo de achar-me superior
Aos que nada falam
Quando movimentam
Bocas sem valia.

O povo fala demais,
É demagogo demais,
Promete demais,
Faz média demais,
E isso tira a minha paz.
Famigerada paz que acalanto
Não me trás.
Ainda há os que procuram a paz
Vestindo-se de branco,
Ó pobre manto!

É sensato dizer que
Não me adaptei a estadia
De visita que fora anunciada
Quando rompi o ventre de minha querida mãe,
Mãe essa que por sinal merece uma tatuagem no peito;
Mulher de fibra, de caráter e respeito,
E que me ensinou a ser um homem direito.

Quando nasci,
Vim de olho esbugalhado,
Talvez estivesse assustado;
Concluo hoje que certamente estava,
Pois já esperava a peleja que se anunciava.

Quando criança pouco sorria,
Mas a muitos fiz sorrir,
Era o típico bobão:
Falastrão, comilão que falava besteiras de montão.

Ah, os tempos de criança!
São doces as lembranças.
O choro varrido ao acordar
E não ver minha mãe em casa,
E depois o sorriso no rosto
De ver que ela tinha apenas saído
Para me comprar um pão,
Já que minha mãe
Nunca me abandonaria,
Ela não!

Os tempos de criança são doces
E melancólicos ao mesmo tempo.
Lembro-me de ser mais inocente,
De acreditar nas pessoas,
De crer num mundo melhor.

Lembro que quando criança
Conseguia me transportar
Para lugares que não estava,
Era só fixar a mente
Em um local, e pronto!
La eu me encontrava.
Magias da infância;
Se fosse hoje eu iria
Pra não mais regressar,
Mas a maturidade e a falta de inocência
Me tiraram esse poder.

Creio que os seres inocentes
São poderosos,
Como os super – heróis que tanto idolatram,
Mas quando o ser, até então inocente,
Descobre que não existem heróis no meio da gente,
O poder se quebra e a magia se desencanta,
Nascendo assim o adulto,
Sem poder e sem magia,
O que não o faz mais impoluto.

BrunoricO.



PS: Essa é sem dúvida a poesia mais pessoal que fiz até hoje, e como poesias pessoais só são 100% entendidas pelo próprio poeta que a fez, talvez nem todos venham compreender a mensagem passada, mas eu acho que consegui escrever um espelho da alma de uma forma bem clara.

Evolucionismo.


Neanderthal fora no passado.
Evolutivo pelo tempo
O humanóide
Se perdera no presente.

Encontra-se ausente de força
E suficiente de ego.
Engana-se na confusa
Disputa entre o errado
E o correto.
Parece perdido
Nesse mundo
Desvairado e incompleto.

Carente da profunda evolução
Assiste sem ação
Diante da tela
Sem expressão
As barbáries do dia-a-dia.
Talvez se fosse
De fato um homo sapiente
Seria um pouco
Mais ativo
E menos incoerente.

Escravo da tecnologia
Vive mentalmente em avaria,
E fisicamente em nostalgia
Com uma saúde que
Um dia fora sadia.

Caracteriza-se
Como um ser egoísta
Que constrói
Eficientemente
O erro perfeccionista.

Prisioneiro da cela
Em forma de tela
Vive evoluindo,
Mas sempre de forma incorreta.
BrunoricO.

Fábrica de cata-ventos.


Os mais loucos versos que compus
Foram regidos pelos ventos
Que romperam o meu juízo.

Nascia assim a fábrica humana
Que cataria todas as ventanias
Na busca de palavras insanas
Que provocassem rodamoinhos
Nas mentes mundanas.

Não sei se terei êxito
Na minha causa, por hora sem efeito,
Mas enquanto a tempestade não cessar
A fábrica de cata-ventos
Continuará a poetizar.
BrunoricO.