E se fossem anjos e deuses jogados ao chão?


Jogados no chão
Eles se sentem como lixo,
Vivem como lixo
E são vistos como tal.

Não possuem mais
Forças para sair dali.
As poucas que possuíam
Foram minadas
Pelo julgador
Que aponta,
Afronta
E desdenha
Do ser por trás da casca
Do medo.

O medo, aliás,
É o regente
Da ópera maldita.
O medo invoca
E provoca o julgamento
Antecipado e inadequado
Do ser jogado ao chão
Que carece de compreensão.

Chão que exibe morte
Em forma de gente
Ainda viva.
Chão pisado por vivos
De corpo,
Mas mortos de alma.

Seria o chão da Terra
O céu do inferno?
Seriam anjos e deuses
Os habitantes do chão
Da Terra?

Ironia seria
Se os vistos como demônio
Fossem entidades do bem,
E os vistos como santo
Fossem entidades do mal.

Se os moradores
Do chão
Forem anjos e deuses
Os julgadores e apontadores
Já não possuem
Escapatória para a salvação.

BrunoricO.

Sensibilidade.

O surdo não ouviu os gritos do louco
Que passou furioso ao seu lado;
Mas ao sentir sua tensão,
Pegou o louco pela mão,
Proferiu-lhe uma linda oração,
E a fúria do que antes bradava com agonia
Fora transformada em unção
Pelo homem que nada ouvia,
Mas tudo sentia.

BrunoricO.